Trata-se de uma doença reumática inflamatória, relativamente comum, e que afeta maioritariamente pessoas com mais de 50 anos de idade.

Os fatores responsáveis pelo aparecimento desta patologia não são ainda totalmente conhecidos. Sabe-se, no entanto, que é uma doença que não surge como efeito lateral de qualquer medicação que a pessoa esteja a fazer. A doença parece ser mais frequente nas pessoas de raça branca e no norte da Europa. É também mais prevalente em mulheres. Estão descritos fatores ambientais que podem contribuir para que a doença surja, como por exemplo, alguns tipos de vírus. No entanto, desconhecem-se os vírus específicos envolvidos.

Uma vez que se não sabe exatamente a causa desta doença, também não é possível preveni-la. Sendo assim, o importante é conhecer os principais sinais e sintomas desta patologia que alertam para o diagnóstico.

As pessoas afetadas por esta doença queixam-se sobretudo de dor, intensa, referida aos ombros, região cervical e ancas que geralmente aparece de modo relativamente rápido e que causa grande limitação podendo impedir a pessoa de realizar tarefas simples do seu dia-a-dia. Muitos doentes referem também uma sensação de “rigidez matinal”, que se caracteriza pela dificuldade que a pessoa tem em começar a movimentar-se de manhã ao acordar. “Erguer os braços no ar”, “levantar-se da cama ou de uma cadeira”, “vestir a roupa e calçar os sapatos” pode tornar-se muito complicado. Além destes sintomas mais comuns, alguns doentes podem queixar-se de dor e edema (“inchaço”) também nas articulações das mãos e punhos. Pode aparecer também perda de apetite, perda de peso, cansaço maior que o habitual, depressão e mesmo febre que geralmente é baixa.

Cerca de 15% dos doentes com Polimialgia Reumática podem desenvolver outra patologia chamada Arterite de Células Gigantes onde é frequente a perda de visão. Por este motivo, as pessoas com Polimialgia Reumática devem estar atentas a alterações recentes na visão, sobretudo a instalação de uma perda visual súbita. Se isso acontecer, deverão consultar rapidamente o seu médico. A Arterite de Células Gigantes caracteriza-se também por causar dor de cabeça, hipersensibilidade no couro cabeludo e dor referida a mandíbula com dificuldade na mastigação.

Não existe nenhuma análise, exame de imagem ou outro meio complementar de diagnóstico que permita, por si só, fazer o diagnóstico de Polimialgia Reumática.

Esta doença diagnostica-se através de um conjunto de dados clínicos, laboratoriais e, em alguns casos, imagiológicos. Em relação aos dados clínicos, estes consistem em sintomas e alterações no exame físico realizado pelo Reumatologista, como dor e rigidez na região cervical, ombros e ancas. Quanto às alterações analíticas, é frequente os doentes terem aumento de parâmetros inflamatórios, como a velocidade de sedimentação e a Proteína C Reactiva, além de ligeira anemia; no entanto, em alguns casos, as análises podem ser normais. Além disso, pode haver alterações particulares na Ecografia dos ombros e das ancas que ajudem a que seja feito o diagnóstico.

Em alguns casos, associadamente à Polimialgia Reumática, surge também a Arterite de Células Gigantes; neste caso poderá ser necessário realizar biópsia de uma artéria temporal.

Em suma, o diagnóstico de Polimialgia Reumática é difícil e depende da interpretação de um conjunto de sintomas, alterações no exame físico e resultados de alguns meios complementares de diagnóstico.

O tratamento consiste em corticoides em dose baixa, geralmente em baixa dose, menor ou igual a 15 mg de Prednisolona (ou equivalente), com posterior descida gradual da dose. A maioria dos doentes nota uma melhoria marcada dos sintomas ao fim de alguns dias de tratamento; uma ausência de melhoria com o tratamento deve fazer suspeitar de um diagnóstico alternativo. À medida que se vai descendo a dose de corticoide, pode haver reagravamento dos sintomas, que pode levar a que seja necessário voltar a subir a dose do tratamento. Se ao fim de alguns meses não for possível diminuir o corticoide para uma dose baixa, o Reumatologista poderá ponderar associar um outro medicamento, como o Metotrexato, no sentido de diminuir a dose de corticoide.

Geralmente o tratamento dura entre 18 a 24 meses, embora em alguns casos possa ser necessário mais ou menos tempo.

No caso de o doente sofrer de Arterite de Células Gigantes associado à Polimialgia Reumática, será necessária uma estratégia de tratamento mais agressiva, com doses mais altas de corticoides.

– Para mim?

A doença não tratada pode levar a uma incapacidade marcada das articulações, com rigidez e limitação para as atividades normais diárias, além de sintomas gerais, como cansaço, fraqueza, perda de peso e de apetite. Por outro lado, o tratamento com corticoides pode levar a complicações como Osteoporose, Diabetes Mellitus e Cataratas, quando são utilizadas doses altas.

No caso de se associar a Arterite de Células Gigantes, esta pode levar a outras complicações, como a perda visual e as complicações associadas a toma de doses altas de corticoides.

– Para os outros?

A doença não é contagiosa, pelo que não se transmite aos contactos próximos.

Não há, até ao momento, nenhuma forma de prevenir o aparecimento da doença.

Em relação ao tratamento com corticoides, podem ser tomadas estratégias de prevenção do aparecimento das complicações relacionadas com esta terapêutica, nomeadamente exercício físico e dieta rica em cálcio e exposição solar ou suplementação com cálcio e vitamina D para prevenção de osteoporose. No caso de se prever a utilização prolongada e em doses altas de corticoides, pode ser necessária a associação de fármacos anti-osteoporóticos.

Autores: Dr.ª Joana Sousa Neves, Dr. Marcos Cerqueira

Revisor: Dr. José A. Costa